quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Resposta à Glauco Mattoso.



Vinte anos depois, tenho eu a oportunidade de responder a uma questão colocada diante da morte daquele que não tornou-se mito depois de morto. simplesmente pelo fato de já o ser ainda vivo. Na semana em que o Brasil perdia o “maluco beleza” eu tive a oportunidade de ler uma bela homenagem de um dos maiores representante da poesia concreta, sobre o Raul Seixas. A matéria intitulada: “O que fazer com você Raul?”, Bem ilustrada com um boa foto em preto e branco. Com um texto impecável o autor fez uma bela análise da representatividade desse artista para nós brasileiros. Guardei pendurado na parede da minha sala de música no Brasil por 20 anos, a referida matéria, e continuo guardando, agora eu tenho a oportunidade de contribuir para responder a questão posta por Clauco Mattoso.
Ao completar os 20 anos da morte de Raul, praticamente todos os jornais brasileiros, sejam eles impressos ou on line deram merecido destaque. Foi lançado até música inédita do homenageado. Sim, uma música inédita intitulada “GOSPEL” gravada por Raul em 1974, mas, que foi censurada pela ditadura e devidamente guardada pelo produtor Marco Mazzola e agora gravada com participação de Roberto Frejat.
Diga-se de passagem, graças a rapidez tecnológica a referida música já se encontra disponível no YOUTUBE.
Meu primeiro contato com o trabalho do maior Roqueiro brasileiro se deu ainda jovem, a identificação foi imediata, o cara falava as coisas que a gente queria falar e é claro da forma que a gente queria ouvir também. Assim passei a acompanhar de perto e a cada vez que era lançado m LP (Long Play), disco vinil, lá estava eu nas lojas à procura do meu exemplar.
É bem verdade que só entendi a dimensão da importância do momento em que vivia depois dos fatos acontecidos. Mas tive a oportunidade de presenciar momentos interessantes da resistência ao regime ditatorial em nosso país. Apesar de ser realmente grande a militância de artistas contra o regime, é natural que alguns nomes se sobressaíssem , nomes como Chico Buarque, Geraldo Vandré, Caetano Veloso, Gilberto Gil serão sempre lembrados. Contudo o nome de Raul tem uma característica interessante, ninguém foi tão sacana e escrachado como ele. Talvez por isso pessoas de 8 a 80 anos venham a se identificar com sãs mensagens.
“Eu sou a mosca que pousou na sua sopa”, possivelmente todos os leitores tenham tido a experiência de ter uma mosca na sopa. Quer coisa mais chata que uma mosca na sopa?
Ao contrário de outros artistas, Raul não disfarçava as mensagens, ele realmente se posicionava como mosca na sopa dos generais ditadores. No refrão ele deixava claro que não estava disposto a calar ao dizer : “e não adianta vir me dedetizar, por que você mata uma e vem outra em meu lugar”. E realmente não adiantou prendê-lo e torturá-lo na verdade ele ficou mais afiado ainda em sua produção.


Adson Fernandes da Silva
adsonfs@ig.com.br , 617 935 6876 – 617 812 1959

segunda-feira, 6 de julho de 2009

"Foi a primeira coisa que existiu!"


Se o silêncio foi a primeira coisa que existiu, conforme afirma Arnaldo Antunes, certamente ele, o silêncio, não ficou sozinho por muito tempo.
Ao me debruçar sobre o tema, pesquisei os dois lados: o surgimento da música conforme a religião, mais especificamente o cristianismo e o surgimento da música conforme a ciência.

O objetivo e demonstrar a presença, mesmo que despercebida, da música em nossas vidas.

Consta em Gênesis, portanto na Bíblia, que no início era o verbo, verbo é palavra, como não havia a palavra escrita, conclui-se que ai então surgiu o primeiro som.
A palavra dita, a voz de deus ditando a criação. Ordenando o surgimento dos mares, os montes, o vento, o mundo com seus espaços acústicos naturais e o povoou com os bichos com seus cantos e sons. Daí veio os barulhinhos da natureza, aqueles que os músicos tentam imitar e muitos o fazem maravilhosamente bem, com instrumentos de percussão.

Depois de criar o mundo, decidiu criar o homem e o fez conforme sua voz disse: façamos o homem a nossa imagem e nossa semelhança.

Mais a frente, a bíblia relata o surgimento da música coletiva, o rei Davi aparece como o pai dos conjuntos musicais.

Davi colocava um instrumento nas mãos de alguns que ele escolhia e os ensinava a tocar. Nas festas, Davi gostava mesmo de festa, os escolhidos por ele tocavam.
Eis ai o surgimento dos primeiros conjuntos musicais.
Consta também que, quando o rei Saul ficava bravo, Davi tocava harpa e o monarca ficava mansinho.
Na bíblia a tem também, o pai dos tocadores de flauta e harpa, portanto, musicalmente meu pai e pai de Davi.
O nome dele é Jubal.
Jubal nao era só, tinha um irmão que se chamava Tubal.
...Tubal era muito esperto nas artes da fundição, trabalhava bem o metal.
Dai minha cabeça concluiu que: Se Tubal era perito na arte do metal, era chegado a música e tinha um irmão que era pai dos músicos. Talvez ele tenha dado origem ao nome de um instrumento bem conhecido, mas com poucos tocadores: A tuba. Inventada por Wilhelm Wieprecht. Com um nome desses da pra entender por que a opção por tuba!

Tubista e o nome dado aos que tocam tuba, apesar de ser até meio cômico, tanto para ver um tubista tocando, quanto para se ouvir, a presença deles em uma orquestra e de suma importância.

Em varias outras passagens na bíblia, a música se faz presente. Cita até o tamborim, que minha ignorância, um dia me fez acreditar ser de origem brasileira.




O BIG BANG

Segundo a ciência, o barulho foi a primeira coisa que existiu, foi uma grande explosão.
A partir da observação de um astrônomo americano, chamado Edwin, dois outros estudiosos observaram que nas antenas de ligações interurbanas existiam interferências, aqueles chiados que irritam nossos ouvidos.
Concluíram então que era o som do Big Bang. Esse é o nome dado a grande explosão. Não me pergunte o porquê e nem os nomes dos estudiosos. O que nos interessa aqui é a presença do som.

Fato e que desde que o mundo e mundo, a música se faz presente das mais diversas formas. Tanto na versão religiosa quanto na da ciência,

Há registros de tribos, de povos com suas músicas e seus instrumentos musicais. Cada povo tem suas histórias contadas com as mais diversas sonoridades.

Com o surgimento da escrita, veio também a possibilidade de registrar. Foram criados símbolos com o objetivo de identificar o som. A partir de então a música passou a ser representado graficamente.
Existem indícios arqueológicos que mostram um sistema de notacão
musical na região da Mesopotamia ha milhares de anos.

Entretanto as notas musicais como sao conhecidas atualmente, foram contribuicao do monge beneditino de nome Guido D'Arezzo (aprox. 992 - aprox. 1050. Ele também foi responsável pela a idealização do solfejo. O que possibilitou aos alunos de música a cantarem os nomes das notas.

Os nomes das notas foram copiados das sílabas iniciais de um hino de são João batista, de nome Ut queant laxis.
Do – re – mi – fa – sol – la –si.
Com o desenvolvimento desse sistema moderno, surgiu a possibilidade de qualquer pessoa que estude música executar canções, de toda a parte do mundo, mesmo sem tê-las escutado antes.

Fazendo da música a única linguagem realmente universal.

Atualmente, a tecnologia contribui para a música ocupar seu espaço imaginário e se espalhar velozmente por toda a parte.

Há música pra tudo.

Ha música, para dançar, musica para ouvir. Música que emociona.
Que faz chorar... Que faz rir.
Música para malhar, música para relaxar.
Música para ler ( essa tem que ser bem baixinha).
Música para o nascimento, música para a morte. (até para a morte. Raul fez o “Canto para minha morte”). Não para minha, mas, para a dele próprio.
Música do "mundo" (para os não evangélicos), músicas de louvor (essas não são do “mundo”) são para os evangélicos.
Música sacra (são diferentes de músicas evangélicas)
Tem música pra paz... E ate música pra guerra.

Há música pra tudo.

Música para amar e para odiar. Música para fazer amor.

Tem música para estimular as vendas, (isso veio com o capitalismo)
Veio junto a música para enganar, para vender candidatos.

Tem música para tudo e para todos os gostos, mas aos estudiosos da música. É preciso conhecer o código musical.
Não necessariamente freqüentar os meios acadêmicos musicais. Acima de tudo é necessário ter na alma o apetite musical, se você o tem, corra atrás, estude, busque o conhecimento, entretanto não se prenda a técnica somente, desenvolva a sua criatividade.

E lembre-se sempre do que disse Albert Einstein:

“A imaginação é mais importante que o conhecimento”

sexta-feira, 3 de julho de 2009

“O que fazer com você Michael?”



Confesso que durante os meus 48 anos de existência jamais comprei um único cd do Michael Jackson. Diferentemente do meu, ou melhor, do nosso querido e irreverente Raul Seixas, que desde os meus 14 anos acostumei a comprar todos os LPs. Sim LPs, porque o derradeiro trabalho em vida do Raul foi ainda a formato dos antigos discos de vinil, com o título de “Panela do Diabo” em parceria com Marcelo Nova. Portanto guardo ainda hoje e em ótimo estado todos os discos do nosso Maluco Beleza.

Confesso também que, o título dessa simples homenagem que decidi fazer ao Rei do Pop, de certa forma é um plágio. Na verdade é um título de manchete publicada no jornal A Gazeta no ES, escrita por um desses jornalistas amantes da MPB de nome Glauco Mattoso, que fez uma linda e emocionada homenagem na ocasião da morte de Raul com o título: O que fazer com você Raul? Material esse que fiz questão de transformar em quadro e que hoje se encontra na parede de minha sala de música no Brasil.
Minha, digamos, apropriação do título é a melhor forma que encontrei para expressar, não o sentimento de perda com a morte de Michael Jackson, mas o sentimento de ter ganhado com a obra dele. Bem como aquele jornalista sentiu ao escrever sobre o Raul.

Embora eu realmente não adquirisse seus CDs, desde muito cedo aprendi a valorizar sua obra e reconhecer o talento deste músico já completo ainda enquanto criança. Eu e meus irmãos assistíamos em TV em preto e branco a ascensão dos Jackson Five, aquele grupo de irmãos tendo à frente o garoto com características acentuadas da raça negra. Muito longe da aparência de seus últimos dias.
Aquele grupo nos fazia dançar e nos eletrizava diante da TV. Mais tarde o astro continuou nos encantando com sua carreira solo.
Voltando às aparências, elas são apenas aparências e o conteúdo permanece como obra para posteridade. O legado deixado por Michael certamente torna a música muito mais rica. Músicas como BEN, MUSIC AND ME, HEAL THE WORLD, WILL YOU BE THERE e tantas outras permaneceram para sempre na história da música mundial.
Hoje o mundo dorme um pouco mais triste, agora são exatamente 02 horas e 20minutos da manhã e é minha vez de perguntar: O QUE FAZER COM VOCÊ MICHAEL JAKSON?
Pego minha gaita e suavemente, para não incomodar os incomodados visinhos, toco bem baixinho em sua homenagem um trecho de Will You Be There, olho da minha janela vejo as estrela e agora o título da sua música me oferece resposta para minha pergunta:
Você Estará Lá. Estará lá guardado sob o brilho delas.
Vá em paz rei do pop!

Adson Fernandes da Silva
adsonfs@ig.com.br , 617 935 6876 – 617 812 1959